quinta-feira, 9 de agosto de 2007

VIVER É SOFRER: OU HÁ ESCOLHAS?

Sei que não é fácil nem comum admitirmos nossa fragilidade. Aliás, a sensação de se estar o tempo inteiro premido por uma ameaça invisível, um inimigo maior que nós, que desconhecemos, pronto a nos destruir, é em si mesma motivo das maiores resistências a quem julga não ser próprio da razão humana o reconhecimento dos limites em nossa natureza.

Muitos fogem do momento em que devem admitir que não têm mais qualquer condição de continuar existindo sob a constante sensação de abandono. O que há em nós capaz de nos oferecer resistências e forças perante sentimentos tão profusos e amedrontadores? E fora de nós, além de nós, que causa existe suficientemente constante a ponto de nos comunicar alguma segurança diante de nossa instabilidade?

Há um princípio de caos a governar nosso interior, que nega a existência de um padrão mínimo de estabilidade nas coisas existentes, no qual poderíamos almejar a felicidade, fugidia, volátil e passageira tanto quanto as razões que secretamente nele identificamos e desejamos verdadeiras. No de processo de busca pela felicidade, esse caos interior nos comunica que a alegria é menos intensa que a dor, o riso, menos contagiante que o choro, e a vida, bem menor que a morte.

Muitos cristãos não entendem porque sofremos nesse mundo, se a Bíblia nos chama de bem-aventurados. Felizes, é o que devemos ser, se de fato somos filhos de Deus, chamados por Deus para a soberana vocação em Cristo. No entanto, há inúmeros casos em que os crentes padecem infinitamente mais que os ímpios, como se Deus não estivesse cuidando de suas vidas.

Quantas tragédias encontram lares evangélicos? Quantos crentes não morrem vítimas de assaltos, deixando filhos e mulheres à mercê de suas próprias dores? Veja-se o caso do pastor evangélico que morreu no acidente da TAM. Ele não estava a serviço do Reino? Por que Deus não o livro da morte? Por que não o fez perder aquele vôo?

Apesar do aparente abandono em que muitos crentes parecem estar, quando verificamos que eles não estão imunes às tragédias pessoas que vivem os que não têm Cristo no coração, parecendo mesmo não haver distinção entre uns e outros quanto às aflições deste mundo, o fator essencial que diferencia a caminhada do crente e do ímpio nesta vida é exatamente a presença de Cristo na alma do fiel.

É essa presença que faz com que um crente, apesar de sofrer perdas imensas, danos profundos e irreparáveis, como no caso da esposa e os filhos do pastor morto no acidente do avião, sinta-se confortado diante do sofrimento e da dor, por maiores que sejam, pois o mesmo Senhor que disse: “no mundo tereis aflição”, também disse: “a minha paz vos dou”.

Para o cristão, a vida pode apresentar inúmeros sofrimentos, contudo, sua comunhão com Deus em Cristo é a única opção para que os infortúnios da existência tornem-se assimiláveis, e, ao invés de tornarem insuportável a vida, apontem para uma esperança inquestionável: um dia estaremos com Cristo, e com Ele na glória não teremos lembrança alguma de nossas mais profundas dores, tampouco dos pecados que, ainda em nós, querem nos aprisionar em uma disposição mental de sofrimento e depressão, incompatível com as alegrias que a salvação comunica a cada alma que um dia foi resgatada do pecado na morte de Cristo, Ele, que é a nossa vida!

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