terça-feira, 31 de julho de 2007

CAIO FÁBIO : AINDA PASTOR?

O ano era 1988, cursava o primeiro ano de Bacharel em teologia pelo STEBNA –Seminário Teológico Batista Nacional, quando, numa noite de terça ou quarta-feira, soube que o pastor Caio Fábio estaria pregando na ESEF – Escola Superior de Educação Física, aqui em Belém. Imediatamente eu e meus colegas nos mobilizamos e fomos ávidos ouvir o homem que então era considerado o maior líder evangélico do país, com dezenas de livros publicados e uma penetração política respeitável mesmo entre os não-evangélicos.

O sermão de Caio Fábio baseou-se em um texto do evangelho - a passagem exata não me recordo - no qual o Senhor Jesus, deslocando-se em suas peregrinações, passava por Samaria, apesar de saber que os samaritanos nutriam grande desprezo pelos judeus, por questões históricas. No auge do sermão, Caio Fábio perguntou à platéia por qual razão Jesus resolveu cruzar Samaria, se Ele poderia muito bem optar por uma outra rota menos conflituosa, politicamente falando. A resposta do pregador foi: “Jesus sempre escolhe passar nos locais onde há conflitos, para resolvê-los”, fazendo em seguida a aplicação de sua mensagem.

Esse episódio foi marcante em minha experiência evangélica, não somente porque Deus me mostrou pelas evidências que eu não tinha vocação ministerial, mas principalmente porque, anos depois, a queda daquele pregador tão famoso fez-me ver o quanto a natureza humana é corrupta e enganoso nosso coração.

Muitos sabem que Caio Fábio adulterou em seu casamento, separando-se da esposa para casar-se com a secretária de seu tão famoso ministério VINDE. O fato chocou milhares de evangélicos que, como eu, viam nele uma referência ímpar de alguém que sabia dosar, com extrema graça, o testemunho evangélico com posições políticas de vanguarda, de profundo alcance sócio-histórico, como por exemplo as ações praticadas na Fábrica de Esperança, projeto que abrigava centenas de jovens e crianças carentes do Rio de Janeiro, com reconhecimento internacional, bem como o envolvimento de Caio Fábio no movimento Viva Rio, que pregava (e ainda prega) a paz contra a violência, sendo um participante de relevo na campanha pelo desarmamento na cidade e no país que culminou no plebiscito sobre o tema.

A participação de Caio Fábio no conturbado caso do Dossiê Cayman foi um outro ponto de extrema decepção para os evangélicos. Segundo o dossiê, descoberto falso após as investigações, membros graúdos do PSDB, dentre os quais o ex-presidente FHC e o candidato do partido nas eleições de 2002, José Serra, mantinham contas secretas nas ilhas de Cayman, um paraíso fiscal no Caribe. Caio Fábio confessou que foi o intermediário entre aqueles que haviam forjado o dossiê e os membros do comitê de campanha de Lula, o qual seria usado para desqualificar a candidatura de José Serra.

Segundo a Bíblia, um abismo chama outro abismo. E Caio Fábio, após a queda pelo adultério, assumiu uma postura radical, no sentido de se defender atacando, numa posição ambígua que, de um lado admitia o fracasso, e, de outro, não via no pecado do adultério a razão definitiva para a sua exclusão do ministério pastoral. O agravamento dessa posição atingiu seu auge quando Caio Fábio afirmou saber de muitos líderes evangélicos que cometiam os mesmos pecados e continuavam pregando, como se nenhum pecado tivessem cometido, numa velada ameaça contra seus críticos.

Aliás, um dos maiores críticos de Caio Fábio no meio evangélico é o pastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, que, no auge das polêmicas posições adotadas pelo pastor presbiteriano, disse em tom veemente que “aquele senhor (Caio Fábio) não nos (os evangélicos) representa”, querendo situar as palavras e atos de Caio Fábio na esfera eminentemente pessoal, não podendo nem devendo ser estendidos à totalidade dos evangélicos do país.

Entre aqueles, há os que defendem Caio Fábio, afirmando que ele, de fato, pecou, mas, dizem, arrependeu-se e pode continuar na condição de ministro do Evangelho; por outro lado, muitos afirmam que ele perdeu todas as prerrogativas morais, devido o seu lastimável testemunho, para exercer tão gloriosa função, que é pregar o Evangelho que transforma o caráter e regenera a alma. Dizem que alguém cuja reputação tem sido constantemente abalada por ações comprovadas e acusações alegadas, não pode se sustentar em um cargo de natureza ímpar, que requer o mais puro e fiel testemunho de quem o exerce.

Lembro que em nossa igreja um pastor, casado, sentiu-se atraído por uma irmã, não chegando, contudo, a envolver-se sexualmente com ela. O fato veio à tona, a crise familiar se instalou, a ponto de se separar da esposa. Foi destituído da condição de pastor, arrependeu-se, voltou com a esposa e hoje constituem uma abençoada família. E nunca mais subiu no púlpito na posição de pastor.

Caio Fábio, após ter sido excluído do rol de pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil – apesar de em seu site oficial ele dizer que está licenciado – Caio Fábio continua pregando na condição de pastor, em uma Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro. Seu site oficial é bastante visitado, nele continua publicando artigos e pregações, tem livros editados, e o número de membros da igreja em que ministra cresce a cada dia.

A Bíblia afirma que “a quem muito se dá, muito se pede”. Deus, sem dúvida, dotou Caio Fábio com inúmeros talentos. E ele, sendo crente, pode muito bem servir a Deus com os mesmos. Porém, as interrogações que findam este artigo são: Deus chamou Caio Fábio ao ministério um dia? E se chamou, pode destituí-lo, se quiser, não? E se já o fez, quando orientou a Igreja Presbiteriana do Brasil, por seu Concílio, a excluí-lo do ministério, por que ele continua pregando como pastor?

Deus o julgue. Quanto a nós, façamos como os bereanos, “pois receberam a mensagem com grande avidez, e examinavam todos os dias as Escrituras, para ver se o que Paulo dizia era verdade” (Atos 17:11). Sejamos fiscais das evidências, rogando que o Pai nos ilumine o entendimento, para não apagarmos a torcida que fumega, sendo mais rigorosos que o próprio Deus, nem darmos honra a quem não a merece, se aquilo a que mais honramos, o nome de Deus, for pronunciado não em palavras mas em uivos.

OS DEVERES MÚTUOS DE MARIDOS E ESPOSAS

Por Richard Baxter (1615 – 1691)

É seu dever solene viver em quietude e paz. Evitar toda ocasião de ira e discórdia.

A- Reflexões que mostram a grande necessidade de evitar dissensão:

1- Sua união conjugal pressupõe unidade. Você pode discordar da sua própria carne?
2- Dissensão com sua esposa trará dor e transtorno a sua vida inteira.... Da mesma maneira que você não deseja ferir a si próprio e é rápido em cuidar de suas próprias feridas, assim você deveria perceber qualquer quebra na paz de seu matrimônio e depressa buscar cura.

3- O amor se esfria com as brigas, que fazem com que, em sua mente, sua esposa se torne indesejável para você. Ferir é separar, estarem unidos através dos laços matrimoniais, enquanto seus corações estão separados, é um tormento. Ser interiormente adversários, enquanto exteriormente marido e esposa, transforma sua casa em uma prisão.


4- A dissensão entre o marido e a esposa perturba toda a vida familiar, é como bois em juntas desiguais: nada se faz enquanto um luta com o outro.


5- Isto os incapacita para adorar a Deus; vocês não podem orar juntos, nem discutir coisas divinas juntos, nem podem ajudar mutuamente as suas almas.


6- A dissensão torna impossível dirigir sua família apropriadamente.


7- Sua dissensão o exporá à maldade de Satanás, e dará a ele ocasião para muitas, muitas tentações.


B- Conselhos para evitar dissensões:
1- Mantenham vivo seu amor um pelo outro. Ame sua esposa afetuosamente. O amor subjugará a ira; você não poderá ser rancoroso, por causa de pequenas coisas, com alguém que você ama afetuosamente, tampouco dirá palavras ríspidas, indiferentes, ou qualquer forma de ofensa.

2- Marido e esposa têm que mortificar os sentimentos de orgulho e egoísmo. Estes são sentimentos que causam intolerância e insensibilidade. Vocês têm que orar e labutar por um espírito humilde, manso e quieto. Um coração orgulhoso é incomodado e provocado em cada palavra que pareça assaltar sua auto-estima.


3- Não esqueçam que vocês dois são pessoas doentes, cheios de debilidades; e, portanto, esperem o fruto dessas debilidades um no outro; e não se surpreenda com elas, como se você não soubesse disto antes. Decidam ser pacientes um com o outro; lembrando que vocês tomaram um ao outro, como pessoas pecadoras, débeis, imperfeitas e não como anjos, ou como inocentes e perfeitos.


4- Lembrem-se ainda que vocês são uma só carne e, portanto, não fiquem mais ofendidos com as palavras ou faltas do outro, do que vocês ficariam se elas fossem suas. Zangue-se com as faltas de sua esposa na mesma medida que se zanga com você, pelas suas. Tenha a mesma intensidade de raiva e desgosto contra uma falta, quanto terá de empenho e determinação para remediá-la sem machucar e agravar a parte ferida. Isto transformará raiva em compaixão, e o levará a administrar cuidados para a cura.



5- Concordem previamente um com o outro que quando um de vocês estiver pecaminosamente bravo e transtornado, o outro, silenciosa e gentilmente, agüentará até que o irado volte à sanidade.

6- Tenham um olho no futuro e se lembrem que vocês têm que viver juntos atè a morte, e devem ser o companheiro e o conforto da vida um do outro, e então verão como é absurdo vocês discordarem e transtornarem–se mutuamente.


7- Até onde você for capaz, evite todas as ocasiões de ira e discussão sobre os assuntos de seus familiares.


8- Se você está tão bravo e não pode se acalmar, pelo menos controle sua língua e não fale palavras escarnecedoras e ofensivas, que abanarão o fogo e aumentarão a chama; não ventile sua raiva porque você só alimentará sua vingança carnal. Mantenha-se calado, e você retornará muito mais cedo a sua serenidade e paz.


9- Deixe o cônjuge calmo e racional falar cuidadosamente e submetendo suas razões ao outro ( a menos que seja uma pessoa tão insolente que fará coisas piores). Normalmente algumas advertências sensatas e sérias, irão revelar-se como água fria em panela fervente. Diga ao seu cônjuge irado, “você sabe que isto não deveria estar ocorrendo entre nós; o amor deve acalmar e esta raiva causará arrependimentos. Deus não aprova isto, e nós não aprovaremos também quando esta discussão houver terminado. Esta disposição mental é contrária a uma disposição de oração e este linguajar é contrario ao linguajar de oração; nós temos que orar juntos; não façamos nada agora além de orar; de uma só nascente não pode brotar água doce e amarga”, etc. Um pouco de calma e palavras condescendentes de razão, podem parar as torrentes, e reavivar a razão que a raiva quis sobrepujar.


10- Quando vocês agirem pecaminosamente para com seu cônjuge, confessem um ao outro e peçam perdão, e unam-se em oração a Deus pedindo perdão; na próxima vez, isto agirá como um preventivo em vocês que, seguramente, se envergonharão por fazer novamente o que confessaram e pedirão perdão para Deus e para os homens.

(I Co 13; Ef. 5.22-33)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

DEUS CRIOU A MULHER PARA O HOMEM E O HOMEM PARA A MULHER

Muitos líderes cristãos do Brasil estão apreensivos face à possibilidade de ser aprovada no Congresso Nacional a lei que iguala a homofobia ao racismo e criminaliza qualquer manifestação no sentido de condenar a prática homossexual, pelo eminente perigo que a aprovação representa à liberdade de expressão e ao livre exercício da religião.

O artigo 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos fundamentais, estabelece que é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias e que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

O que isso significa na prática? Significa que um cristão, que tem na Bíblia sua única regra de fé e prática, dentro dos limites de sua crença, não pode ter cerceado o seu direito de manifestar sua opinião sobre tudo aquilo que atente contra os princípios de sua fé. Ora, se a Bíblia condena o pecado, entre eles o homossexualismo, como negar ao crente o direito à livre manifestação do seu pensamento em face de práticas que afrontam suas convicções cristãs? E os pastores e padres, deverão suprimir da Bíblia os textos que explicitamente atacam as práticas homossexuais? E se, no exercício de seu ministério pastoral, pregarem contra o homossexualismo, serão acionados na justiça por grupos homossexuais, correndo o risco de serem presos?

Diante de uma situação que se apresenta deveras preocupante para os cristãos, há de se perguntar: pode o Estado Brasileiro, que é laico segundo a Constituição, interferir nos assuntos religiosos, suprimindo aspectos essenciais às religiões cristãs e que dizem respeito exclusivamente à consciência de cada fiel? Pode o Estado determinar o que deve e não deve ser ensinado em termos doutrinários nas igrejas?

Um fato recente revela o perigo que a liberdade de consciência e a livre manifestação do pensamento estão correndo nesse país, ligado à questão dos homossexuais, revelando também que o Estado Brasileiro dá mostras do relativismo moral que caracteriza amplos setores da sociedade civil, os quais pressionam através de campanhas ostensivas as autoridades para que alguns princípios cristãos sejam de vez banidos dos lares brasileiros.

A organização Visão Nacional Para a Consciência Cristã, formada por várias igrejas cristãs, colocou outdoors nas ruas de Campina Grande, na Paraíba, nos quais confrontava o homossexualismo e a criação do homem e da mulher, afirmando que tal criação é boa aos olhos de Deus, negando assim que aquela prática seja agradável ou aceitável aos olhos do Criador. A reação dos homossexuais foi imediata, tanto que conseguiram na justiça a retirada das placas, que, a seu ver, atacavam os homossexuais.

Há no contexto do episódio vários equívocos que a reação ostensiva e imediata dos homossexuais conseguiu encobrir, além de explicitar algumas táticas sobre a tentativa deles em igualar homofobia ao racismo. É salutar que se defina o que são as duas práticas, para então mostrar como são de natureza absolutamente diversa uma da outra.
Homofobia é um termo criado para expressar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais, enquanto o racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar que se fundamenta na suposta existência de raças humanas distintas e superiores em relação a outras.

Naquela primeira definição, percebe-se o fenomenal sofisma engendrado pelos grupos homossexuais para definir como crime igual ao racismo qualquer manifestação que consideram fruto do ódio que algumas pessoas alimentam contra eles. Para desfazer o sofisma, basta utilizarmos outros exemplos cujos sujeitos se afastam, por opção, do padrão vigente na sociedade.

Se é correto considerarmos que o comportamento padrão de um jovem de dezoitos anos seja estudar, ser cordial e companheiro de seus pais, irmãos e amigos, caso esse jovem resolva experimentar drogas e se torne um viciado, e, em função disso, passe a se comportar de um modo diferente do padrão ao qual seus pais e amigos estavam acostumados, seria correto, justo e razoavelmente aceitável definir como discriminação e ódio a condenação, por parte dos pais e amigos, das atitudes e práticas que aquele jovem resolveu adotar? Os pais e amigos não estariam “atacando” o filho, tornando-o objeto de ódio e discriminação. Estariam, sim, condenando as atitudes que ele, conscientemente, resolver adotar e que o afastavam do comportamento padrão comum aos jovens de sua idade.

Falamos aqui de padrão porque vivemos em um meio social caracterizado, regulado, por padrões. A submissão a determinados padrões sociais de comportamento é necessária para haver equilíbrio entre deveres e direitos, sem o qual seria impossível a relação civilizada entre as pessoas. Sem os padrões viveríamos em um verdadeiro caos, haja vista ser impossível conciliar tantos interesses conflitantes e auto-excludentes, se deixada a decisão a cargo de cada indivíduo. Não obstante, somos livres para seguir ou não esses padrões, tendo consciência que, em maior ou menor escala, reações contrárias surgirão sempre que optamos por fugir deles. Se é padrão que nos caixas eletrônicos se faça uma fila, obedecendo a ordem de chegada, para realizarmos algumas transações bancárias, caso alguém resolva “furar” a fila, não estando amparado pelas exceções da lei, obviamente será alvo de reações as mais iradas possíveis.

Como cristãos, cremos que Deus estabeleceu padrões de comportamento para os seres humanos em todas as áreas da vida, inclusive no tocante às relações físicas entre os indivíduos. E tal padrão segue o princípio da complementariedade.

Segundo a Bíblia, Deus criou Adão e, em seguida, a mulher, Eva. Nesse episódio bíblico existe um sentido de complemento incontestável, pela forma como Deus proveu para o primeiro homem alguém que lhe completasse a existência, sendo capaz de suprir todas as suas carências afetivas e físicas. Para o homem Ele criou a mulher, um ser que, olhado pelo seu oposto, fosse objeto de desejo, não apenas sexual, como também em um nível mais profundo, que é o da comunhão espiritual.

O motivo principal, segundo a Bíblia, para a criação da mulher, foi a percepção divina sobre a solidão do homem. “Não é bom que o homem esteja só”. Ao pensar dessa maneira, o Criador compreendeu, ou melhor, estabeleceu que um ser solitário, sem alguém semelhante, não poderia jamais encontrar a felicidade porque lhe faltaria referência naquilo que nos caracteriza enquanto pessoas racionais, que é a confirmação de que tenho valor intrínseco, ao qual, descoberto por outro ser, gere nele o desejo da comunhão, do compartilhar de sentimentos, sonhos e apreensões. Nesse aspecto, o da necessidade de que um outro me sirva de referência existencial, não há nada que elimine a necessidade essencial que temos de alguém que complete o sentido de nossa vida naquilo em que ela não se justifica por e em si mesma. Isso quer dizer que minha existência somente tem sentido se um outro ser exista para que, num fluxo contínuo e duplo, tanto este ser me tenha como referência quanto eu o tome como minha referência. Não vejo outro sentido na criação de homem e mulher, senão o de que ambos se complementam, em qualquer nível em que a sua carência se manifeste.

Se escolhermos o nível mais imediato, o do corpo, não é óbvio afirmar que as razões mesmas pelas quais fomos criados com órgãos genitais anatomicamente desenhados para que um complete o outro, na união, são, pari passu, a reprodução e a satisfação emocional que somente a relação sexual dá conta?

Além disso, é uma constatação elementar que nossos órgãos têm funções específicas, cujo comportamento fisiológico também seguem determinados padrões, dos quais não se afastam por força de suas características e papel dentro do funcionamento geral de nosso corpo.
Há alguns anos, o programa FANTÁSTICO da Rede Globo apresentou matéria sobre o homossexualismo feminino. Uma sexóloga/psicóloga, cujo nome não me recordo, contestou a afirmação de que o homossexualismo possa ser fruto de uma opção pessoal. Disse ela que nós não escolhemos a pessoa por quem nos apaixonamos. Pode ser tanto um homem quanto uma mulher.

Isso quer dizer que, quando uma menina começa a sentir o seu corpo, ao notar que determinadas áreas são fontes de prazer físico, nada há na sua constituição psíquica que a dirija a desejar que um menino lhe toque nessas partes; e se for uma outra menina quem primeiramente o faça, então estaria em tese definido que o futuro parceiro sexual ideal dessa menina deverá ser uma outra menina, e o contrário, se for um menino quem a ajude a conhecer o prazer físico.

O raciocínio dessa profissional leva-nos à conclusão lógica de que fomos criados como seres sem uma definição prévia quanto a preferência sexual, o que ocorrerá, ainda segundo aquela assertiva, de acordo com as circunstâncias nas quais nossa afetividade e sexualidade sejam despertadas, tirando a determinação mesma da pessoa a quem dedicaremos nosso afeto (incluindo o aspecto sexual) da esfera da vontade enquanto ação consciente e ponderada, destituindo-nos por isso de qualquer culpa quanto às escolhas que aquelas circunstâncias nos imporão.

Contrariando esse pensamento relativista, temos a afirmativa bíblica de que Deus “homem e mulher criou”; não há, por isso, como negar o fato de haver sempre um padrão hétero nas relações instituídas a partir da criação divina, no sentido do complemento, da união de seres diferentes entre si, héteros por natureza, que compreendem haver no outro a fonte única de satisfação física e emocional.

Por ser complexa a mente humana, e com o agravante de faltar “a luz do evangelho de Cristo” a tantas pessoas, é possível que muitas delas encontrem aquela satisfação a partir de uma opção homo. Todavia, um detalhe não deve passar despercebido, para atestar que tal opção apenas reafirma o caráter de complemento existente nas relações héteros: via de regra, um dos parceiros sempre assume mentalmente a condição do outro sexo na relação homossexual, por isso é comum que nessas relações se atribua a um dos companheiros o papel de “homem”, no caso de duas mulheres, ou de “mulher”, no caso de dois homens. Portanto, as relações homo seguem um padrão hétero, justificando a excelência deste no ato mesmo de negá-lo.

E quando a Bíblia diz que é abominação o fato de um homem deitar-se com outro homem como se este fosse mulher (o mesmo aplicando-se a duas mulheres) de forma irrevogável condena o homossexualismo, por se tratar da opção consciente a um padrão comportamental que nega a perfeição da criação divina, tornando-se um pecado detestável aos olhos do Criador, que, ao contemplar as obras de suas mãos, dentre as quais homem e mulher cada um com especificidades que se complementam, viu que “tudo era bom”.

Que Deus liberte os homossexuais, a fim de que eles conheçam Sua maravilhosa graça em Jesus, e glorifiquem ao Criador, razão última por que foram criados.